Quando Michael Jackson ‘salvou’ a indústria da música…

15 11 2010

…ou se hoje o ‘inimigo’ é a internet, ontem era a fita cassete

Não é segredo para ninguém que nos últimos anos as grandes gravadoras foram obrigadas a reinventar o seu modelo de negócios para sobreviver na era da música digital. E, a internet e as novas tecnologias são frequentemente apontadas como as grandes responsáveis pela – atual – crise. Atual, porque as crises na indústria fonográfica são na verdade uma constante.

No final da década de 70, início dos anos 80, foi a vez de uma outra tecnologia, a fita cassete – acredite –, ser apontada como “culpada” pela retração nas vendas. Em 1981, quando as vendas despencaram 11,4% (e havia rumores de que no ano seguinte a queda seria ainda maior), os grandes selos afirmaram que o seu ponto de vista havia sido, enfim, comprovado.

Mesmo antes, entretanto, a indústria musical já se esforçava para estigmatizar a prática crescente de se gravar músicas em fita cassete. O auge dessas ações se deu com uma vasta campanha de publicidade que incluía o uso de uma caveira em forma de fita cassete e a frase: “A gravação caseira está matando a música. E isto é ilegal”. Leia mais sobre essa campanha aqui e veja paródias aqui eaqui.

Como um estudo da Cap Gemini Ernst & Young, de 2003, afirmou, “em vez de tirar proveito dessa tecnologia nova e popular, as gravadoras lutaram contra ela”. Quer dizer, se hoje o “inimigo” é a internet, na época era a fita cassete. Entretanto, para muitos analistas a queda nas vendas era em grande parte resultado da estagnação criativa dos principais selos.

Disco mais vendido da história
Foi em meio a esse período de crise que, em novembro de 1982, Michael Jackson lançou seu álbum “Thriller”, que se tornou um sucesso instantâneo e até hoje desfruta do título de disco mais vendido da história, com cerca de 100 milhões de cópias. O principal segredo de Jackson para driblar a crise estava em uma nova ferramenta de divulgação que então emergia com a recém nascida MTV e que ele soube usar como ninguém, o videoclipe.

Billie Jean, primeiro vídeo de um artista negro a ser regularmente exibido na MTV

O álbum “Thriller” é considerado o primeiro que usou de forma consciente essa nova mídia de promoção. Na verdade, Michael transformou os videoclipes, que antes eram vídeos meio toscos, em superproduções feitas por diretores famosos. Para (re)ver outros clipes do rei do pop acesse a sua página oficial no YouTube aqui.

Graças à repercussão dos vídeos de Michael, a MTV que era uma pequena emissora de televisão a cabo se tornou muito popular. E, por sua vez, o sucesso da MTV foi fundamental para que a indústria fonográfica tivesse uma retomada recorde nos anos que se seguiram. Assim, o argumento da indústria rapidamente se esvaziou e o congresso norte-americano não chegou a aprovar qualquer restrição do uso das fitas cassete.

Logo, não demorou até que boa parte dos artistas copiasse Jackson e também fizessem clipes mais elaborados. Até hoje, os videoclipes são uma das principais ferramentas de divulgação de um artista de uma grande gravadora. Não por acaso, entre vídeos engraçadinhos e Susan Boyle, os clipes de artistas populares, como Rihanna, Lady Gaga, Britney Spears, aparecem frequentemente entre os vídeos mais vistos do YouTube.

Leia também
A importância de Michael Jackson para a indústria… do cinema

Leia original aqui.

Post publicado no blog do Link do Estadão em 2 de julho de 2009 por brunogalo





O futuro que os pequenos desenham hoje

15 11 2010

Como as crianças nascidas na era digital mudam tudo ao nosso redor

Comunicação
Falar e escrever no celular, usar comunicador instântaneo, ler sites e blogs: tudo isso vai contribuir para o desenvolvimento da inteligência comunicacional nas crianças. Apesar de alguns críticos dizerem que o uso de MSN pode afetar negativamente a capacidade dos pequenos de compreender expressões faciais, os educadores concordam que por causa da internet as crianças estão escrevendo e lendo mais. O caráter colaborativo da rede também incentiva a produção de conteúdo multimídia – teremos crianças escrevendo, gravando áudios e falando para a câmera cada vez mais cedo.

Cultura
O acesso a bens culturais, filmes, livros e músicas caminha para se tornar um serviço e não um produto específico. Para variar, é na música que este processo está mais avançado. Em 2008, 95% das músicas baixadas não tiveram direitos autorais pagos. Mas uma mudança na nossa relação com as canções está em curso neste momento. Em 2008, 52% dos jovens norte-americanos, entre 13 e 17 anos, preferiram ouvir músicas em sites de streaming gratuito, como MySpace, Pandora e Spotify, em que não se precisa baixar nada. Tudo é ouvido online.

Direito Autoral
Segundo uma pesquisa do canal Cartoon Network, duas em cada cinco crianças já trocaram arquivos pela web. Claro que isso muitas vezes esbarra na questão do copyright. Mas será que essa é uma noção que ainda será usada quando esses pequenos chegarem à vida adulta? Já nascidos digitais, eles são parte de uma geração acostumada à cultura do remix que foi popularizada com a internet e com sites como o pioneiro Napster. Para o pesquisador Urs Gasser, esse comportamento pode mudar não só as leis de direitos autorais, mas também redefinir o que é, afinal, ‘autoria’.

Política
Políticos estão percebendo a eficiência das ferramentas da web 2.0 para fazer campanha de um jeito diferente. Essas plataformas são dominadas pelos jovens, que por causa da troca rápida e multimídia de informações, têm capacidade maior de descobrir verdades e mentiras, se unir contra e a favor daquilo em que acreditam e apoiar candidatos e ideias com os quais se identificam. O primeiro exemplo desse novo engajamento aconteceu nas últimas eleições presidenciais norte-americanas: Barack Obama conseguiu levar às urnas milhões de jovens, num pleito em que o voto é facultativo.

Trabalho
No futuro as empresas serão menores, não existirá mais o conceito de carreira, os empregos vão acabar e o ócio criativo será total: trabalharemos só por prazer. Ao menos é isso que defende o professor Thomas Malone, especialista em trabalho do MIT. Pesquisas já mostram que os jovens estão batendo de frente com seus chefes por causa de diferenças culturais e de comunicação. E diante de funcionários acostumados a opinar livremente, não familiarizados com hierarquias e imposições, as estruturas empresariais serão forçadas a mudar drasticamente.

Cérebro
Pesquisas recentes em neurociência afirmam que a internet está mudando o cérebro das crianças. Apesar de o processo cognitivo que as leva a compreender melhor a linguagem digital ser plenamente entendido (é semelhante ao de aprender a língua mãe), ainda não se sabe exatamente como o uso da web vai mudar a massa cinzenta. De acordo com Gary Small, autor do livro iBrain, sobre as modificações que o cérebro está sofrendo com o uso da internet, fazer buscas no Google ativa uma área mais extensa do cérebro do que os pontos que são estimulados durante a leitura, por exemplo.

Leia também
A geração que desenha nosso futuro
O futuro que os pequenos desenham hoje

Leia mais aqui ou aqui.

Matéria de 12 de outubro de 2009 a seis mãos: @ana_freitas,@brunogalo@rafael_cabral





E segue a briga centenária entre música e tecnologia

31 08 2010

Lily Allen é só o capítulo mais recente da longa disputa do velho com o novo na história da indústria da música

Surgida na internet, a cantora inglesa Lily Allen surpreendeu e fez barulho ao pregar contra o download ilegal, durante o mês passado em seu blog no MySpace. Acabou crucificada na web. Mesmo tendo também se posicionado contra a postura passiva das gravadoras com relação à rede e defendido a criação de novos canais para a comercialização de música online. Cansada, ameaçou abandonar a carreira e escreveu em seu Twitter que era uma “neoludita”, em referência ao ludismo, movimento contra a Revolução Industrial. Por enquanto, largou só o Twitter, que passou a semana passada sem atualização.

Foi o capítulo mais recente de uma longa briga entre o velho e o novo na música. E que começou, acredite, muito antes do MP3 ou da internet – precisamente em 1877, ano em que o fonógrafo foi inventado.

O novo equipamento permitia gravar e reproduzir sons e causou chiadeira entre os artistas. Afinal, eles viviam de apresentações ao vivo e receavam que a nova traquitana acabasse com o seu ganha-pão. Por que as pessoas iriam vê-los se agora podiam ouvi-los em casa? O tempo mostrou que eles estavam enganados. Hoje, 142 anos depois da invenção de Thomas Edison, os shows ainda são a principal fonte de renda dos músicos.

Pouco depois, no início do século 20 foi a vez de uma nova tecnologia tirar o sono não só dos artistas, mas também das recém-nascidas gravadoras: o rádio, que durante anos funcionou sem legislação específica. O temor estava na crença de que as pessoas não comprariam mais música, uma vez que poderiam ouvir tudo o que desejassem.

Bastaria apenas uma breve manipulação no dial do rádio para encontrar uma determinada canção. Não foi o que aconteceu. No ano passado, mesmo com a internet, o compartilhamento de música e até a pirataria física, a indústria vendeu mais de 25 milhões de CDs – e isso só no Brasil.

E o que tudo isso tem a ver com o momento atual da música? Lá atrás, como agora, quem estava estabelecido resistiu – o quanto pode – para não ter seu modelo de negócios alterado. E já faz pouco mais de dez anos que o Napster inaugurou não só o compartilhamento de arquivos de músicas pela internet, mas também as discussões sobre o futuro da indústria fonográfica, que encolheu quase que pela metade neste período.

Durante esse tempo e ainda hoje, as gravadoras seguem firme na briga contra a “pirataria”, seja física ou online. O que a indústria já percebeu, no entanto, é que a solução não está apenas na repressão, é preciso oferecer alternativas atraentes ao consumidor cada vez mais conectado. E os artistas brasileiros, o que acham disso? Também falamos com eles (leia abaixo).

O caminho a seguir ainda não está claro. Gerd Leonhard é otimista. “A solução de todo esse impasse nunca esteve tão próxima”.

OPINIÕES: ARTISTAS & GRAVADORAS

“Dividir o que é seu é direito de todos. Pirataria é outra coisa. É você comercializar o que não lhe pertence. A web ajuda muito na divulgação e é um veículo de comunicação direto e democrático. Artistas novos e estabelecidos podem e devem se adequar a linguagem de comunicação e consumo de sua época.”
Chorão, líder da banda Charlie Brown Jr.

“Eu sinto como se tivéssemos regredido ao estágio tribal. Todos deslumbrados com os novos apetrechos mágicos – espelhos? pólvora? bússolas? Não questionamos nada. O ambiente urbano parece mergulhado numa espécie de fundamentalismo, um culto deslumbrado a qualquer tipo de avanço tecnológico.”
Fred Zero Quatro, líder da banda Mundo Livre S/A

“Estamos aprendendo a utilizar a internet a favor da música. Como toda ferramenta nova, existem abusos e ajustes a serem feitos, tanto de utilização quanto de regulamentação. A pirataria é o lado ruim, mas a divulgação e o contato direto são bons para artistas e para fãs.”
Henrique Portugal, tecladista da banda Skank

“Gravadoras estão se reinventando, adaptando-se a esta nova realidade e a este novo mercado, buscando novos modelos de negócio, além da ‘venda’ de música, como licenciamento, agenciamento de seus artistas, parcerias com patrocinadores, etc.”
Paulo Rosa, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Discos

“Somos um negócio de gestão de artistas e carreiras, nossas alternativas são ilimitadas. Um momento de transição profunda e histórica como a que estamos vivendo é só a véspera de um novo arsenal de oportunidades que, daqui por diante, vai se transformar sempre de forma vertiginosa.”
Marcelo Castello Branco, presidente da EMI Music Brasil

“O mercado da música sempre vai existir, ele apenas esta passando por uma grande transformação. Estamos vivendo talvez o momento mais excitante de todos. Precisamos de mais canais de vendas e de mais benefícios ao consumidor. O modelo do iTunes é vencedor. Precisamos de mais opções como esta.”
Alexandre Schiavo, presidente da Sony Music Brasil

Foto de musiclikedirt no Flickr.

Leia original aqui.

Matéria publicada no caderno do Link do Estadão em 4 de outubro de 2009 por@brunogalo





“Estamos deslumbrados com o avanço tecnológico. Não questionamos mais nada”, diz Fred 04, do Mundo Livre S/A

30 08 2010

Fred Zero Quatro é vocalista e líder da banda Mundo Livre S/A, que praticamente fundou junto com a Nação Zumbi o movimento mangue beat há 15 anos. A Mundo Livre S/A, que nasceu em 1984, despontou na cola do Nação, em 1994, com o disco ‘Samba Esquema Noise’. Atualmente, Fred trabalha também como assessor técnico da Secretaria da Cultura do Recife. Em entrevista, por e-mail e telefone, Fred se revela pessimista com relação ao futuro da música na era digital e critica o que ele de “um culto deslumbrado a qualquer tipo de avanço tecnológico”. O resultado dessa conversa, você confere aí embaixo:

“Uma coisa bacana do circuito atual (permitido pela internet), é que um artista ou banda com trabalho reconhecido e público fiel não precisa mais se mudar de mala e cuia de sua cidade, abandonar seus amigos e família, pra tocar sua carreira. Já tentei morar em Sampa, fiquei um ano na Vila Madalena, mas não me adaptei. Cresci comendo peixe frito e caranguejo na praia. Hoje a banda mora em Recife e consegue tocar a carreira, com uma agenda permanente de shows em todo o Brasil,” diz.

“Agora mesmo ganhamos de presente um clipe sensacional de um fã que mora em BH, nunca vimos o cara, que está se formando em um curso de design ou artes visuais, sei lá, com a música “Estela, A Fumaça do Pajé Mitisubixxi”. Ainda não lançamos oficialmente, precisamos da autorização da (gravadora) Deck, mas já tá repercutindo bem no YouTube. Isso é só um exemplo (de como artistas estabelecidos podem tirar proveito das novas tecnologias)”, conta.

“Acho que (a troca de arquivos na rede) é a polêmica mais importante do momento histórico atual, e infelizmente parece que ainda não tem despertado muito interesse no meio intelectual brasileiro. Muitos escritores americanos e europeus têm publicado ensaios importantes, levantando questões urgentes, mas aqui há uma espécie de vazio a respeito. Tenho me sentido como se tivéssemos regredido ao estágio tribal, e estivéssemos todos deslumbrados com os novos apetrechos mágicos (espelhos? pólvora? bússolas?) que o homem branco tem despejado nas vitrines dos nossos shopping centers. Não questionamos nada”, afirma.

E continua: “No meu tempo de faculdade (Fred é jornalista), Marshall McLuhan, Umberto Eco, Jean Baudrillard e outros chacoalhavam as mentes jovens do planeta com reflexões essenciais sobre a aldeia global, a cultura de massa, a sociedade de consumo, etc. Hoje o ambiente urbano parece mergulhado numa espécie de fundamentalismo, um culto deslumbrado a qualquer tipo de avanço tecnológico. Não sei de onde vem esse meu defeito, mas eu nunca consegui me conformar com esse tipo de visão de curto prazo. “Uau, que massa, agora eu posso assistir a todos os filmes, ler todos os jornais e baixar milhares de músicas de graça!”

“E as pessoas ainda acham que isso tem a ver com ‘atitude’. Sinceramente, acho paradoxal, justo num momento em que o viés da sustentabilidade alcança status de prioridade absoluta de toda e qualquer agenda global. Alguns fãs da banda começam a me questionar sobre isso na estrada, e eu respondo com uma pergunta simples: com o provável desaparecimento das gravadoras, quem você acha que vai bancar a produção / gravação / mixagem / masterização de nossas novas músicas? O desmantelamento da indústria teria, para os evangelizadores da web, um efeito altamente positivo na medida em que provocasse o fim da parada de sucessos. Será?”

“Agora o Radiohead anuncia algo previsível, que já vinha se delineando como uma tendência óbvia: não pretende mais lançar álbuns, apenas faixas avulsas. Muitos analistas já deduzem, a partir disso, que podemos estar diante da morte do trabalho conceitual ou experimental, ou seja, de agora em diante toda e qualquer música nova tem que ser um novo ‘hit’, pelo menos na web. Isso, para mim, é o equivalente, na música, do que representa o conceito de ‘junkie food’ para a nutrição e a gastronomia.”

“Pirataria é o mesmo que comer num restaurante fino e sair correndo sem pagar a conta. Você se ilude que está sendo um ‘outsider’ ou ‘wildboy’, mas só está mesmo sacaneando com o pobre do garçon”, afirma.

“Existe um movimento por aí intitulado MPB (música para baixar). Acho simplório e equivocado. Não tenho nada contra a pessoa ir para um show, gravar trechos numa câmera qualquer, ou mesmo num celular, depois postar na web. Aí se trata de uma versão caseira e amadora da música. Aliás, esse movimento, se chamasse MDPB (música demo pra baixar), por mim tudo bem. Lembro de quando eu costumava baixar versões demo de jogos e softwares, que eram disponibilizados gratuitamente. Se me interessasse pela versão completa, comprava.”

“Só mais uma coisa sobre a internet: acho que defender o fim da indústria fonográfica equivale a decretar a morte do rock&roll, pelo menos se considerarmos a definição mais clássica do gênero: “uma forma de se ganhar muito dinheiro, em pouquíssimo tempo e com muito estilo”(Malcom Mclaren). Claro, nem todo mundo ficava rico com o rock, mas os que ficavam financiavam a máquina e motivavam a molecada a largar tudo e arriscar”, conclui.

Leia original aqui.

Post publicado no blog do Link do Estadão em 5 de outubro de 2009 por @brunogalo





Ter ou não ter? Eis a questão que o digital propõe

30 08 2010

“Você pagaria por algo que não vai ser seu?” é uma das questões mais levantadas pelos críticos da nuvem. Afinal, se os arquivos digitais ainda são mal vistos por aqueles que gostam da mídia física, como os puristas do vinil, muita gente também tem um pé atrás com o streaming e com o arquivamento online.

Ao transformar a cultura em serviço, a nuvem tiraria das pessoas a posse de livros, filmes e músicas — uma situação inédita para os consumidores. Mas não é exatamente isso que acontece quando compramos um ingresso de cinema, alugamos um filme na locadora, pagamos a mensalidade da TV a cabo ou sintonizamos o rádio?
“Eu ficaria triste se a mídia parasse de ser produzida em formatos que eu possa colecionar, como o do DVD, mas acredito que as pessoas não vão ter problemas em aceitar serviços que oferecem bibliotecas gigantes de cultura, às quais elas terão acesso irrestrito. Eu pago todo mês um pacote de canais de TV, por exemplo”, exemplifica o pesquisador norte-americano Henry Jenkins.

Já o estudioso da cultura na nuvem Patrik Wikström acha normal que as pessoas fiquem ressabiadas com a mudança. “Nos acostumamos a pensar que somos donos das mídias que consumimos. Como o computador permite que a gente guarde dados de uma maneira semelhante como fazemos com coleções de CDs ou DVDs, essa lógica foi importada para o download. A princípio, isso foi mais fácil de entender tanto pela indústria quanto pelos consumidores”, afirma.

É necessário um bocado de tempo para mudar o comportamento das pessoas e, ainda mais, o do mercado. Serviços que guardam músicas na internet existem pelo menos desde 2002, quando surgiu a Last.fm. Em um primeiro momento, no entanto, a indústria tentou lutar contra a facilidade que sites assim ofereciam. Até então gratuitos, Last.fm e a rádio online Pandora acabaram sofrendo com a pressão das grandes gravadoras e tiveram que começar a cobrar por conteúdo, perdendo grande parte da sua até então fiel base de ouvintes e quase toda sua relevância.

Para Wikström, as pessoas só aceitarão voltar a usar ferramentas de arquivamento online quando estas garantirem que elas terão “acesso irrestrito ao conteúdo, com baixo custo, a qualquer hora”, como se aqueles bens espalhados na nuvem de fato pertencessem a elas. “Acredito que as coisas estão mudando agora que a indústria percebeu que o modelo do iTunes não é o ideal para combater a pirataria e lucrar com a música digital. Já existem serviços na nuvem, como o próprio Grooveshark, que são bons tanto para o mercado quanto para os clientes”, finaliza.

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Porque a indústria prefere o streaming ao download

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Leia original aqui ou aqui.

Matéria publicada no caderno Link do Estadão de 6 de dezembro de 2009 feita a quatro mãos por: @brunogalo e @rafael_cabral





Porque a indústria prefere o streaming ao download

30 08 2010

O mercado de cultura na era digital, pós-Napster, vive hoje sua primeira grande transição. Quando viu seu principal negócio – a venda de CDs – ir por água abaixo por causa da cultura do compartilhamento, a indústria musical a recriminou e, só mais tarde, tentou se adaptar: apostou na trava anticópias (DRM) para barrar a pirataria e, com o modelo de vendas avulsas do iTunes, achou que finalmente lucraria com a internet. Não deu certo.

Se a loja de músicas da Apple até teve seus trunfos (sentidos mais nas vendas de iPods do que no balanço das gravadoras), 95% dos downloads de músicas continuam piratas. Ao completar 10 anos, o mercado parece finalmente ter amadurecido e, aos poucos, renasce. Em vez da venda de arquivos, uma adaptação canhestra da lógica da venda de mídias físicas, a aposta agora é na nuvem – em que filmes, livros e músicas cada vez mais deixam de ser encarados como produtos tradicionais, para ser vistos como serviços.

“É uma mudança de pensamento. Se muitos dos sites de streaming de hoje tendem a morrer, outros (Hulu e Spotify, por exemplo) buscam acordos e terão um futuro brilhante pela frente”, aposta o escritor Patrik Wikström, autor do livro “Music In The Clouds” (´A Música Nas Nuvens´, que será lançado em 2010 nos EUA).

Um dos grandes sinais de que a indústria vê futuro nessa migração para a nuvem está no acordo que a EMI assinou com o até então ilegal Grooveshark, que permite que as pessoas disponibilizem e ouçam todas as músicas que quiserem em streaming. Em vez de processar seus donos, a multinacional decidiu se aliar a eles.

O intuito dos empresários, segundo críticos como o ativista da cultura livre Cory Doctorow, é restituir o controle que tinham antes que a distribuição de bens culturais fosse tomada de assalto por consumidores conectados. “Cobrando por algo que você consegue de graça, investidores sonham em voltar ao lucrativo monopólio que detinham antes de ele ser aniquilado pela hiper-competição da web”, escreveu Doctorow, em artigo publicado no jornal inglês “The Guardian”.

A questão é: e se esse controle for vantajoso para os usuários? A locadora Netflix cobra US$ 9 de seus clientes e deixa que eles assistam a quantos filmes aguentarem na web. Já o Grooveshark, com acervo de mais de 6 milhões de músicas, é gratuito, custeado por publicidade e por aqueles que pagam por um serviço mais completo.

“Acredito que o modelo legal do Spotify vai ser o mais bem sucedido de todos os já tentados. Ele oferece opções de navegação aos usuários, além de ser rápido e fácil”, opina o jornalista Greg Kot, que no livro “Ripped: How the Wired Generation Revolutionized Music (Ripped: Como a Geração Conectada Revolucionou a Música”) trata das mudanças comportamentais que a distribuição P2P causou.

Mas, para Kot, o streaming só vingará se oferecer mais vantagens do que os downloads ilegais. Ou seja: deve ser mais completo e acessível que os sites de torrent, cobrando nada ou tão pouco quanto. “As pessoas só migrarão se os sites assegurarem que eles terão acesso àquele conteúdo quando quiserem, como quiserem”. Ou seja, o mercado terá que continuar em constante adaptação ao gosto dos usuários. Mesmo se decidirem naufragar os piratas e devolver parte do poder às gravadoras, os clientes continuam sempre com a razão.

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Matéria publicada no caderno Link do Estadão de 6 de dezembro de 2009 feita a quatro mãos por: @brunogalo e @rafael_cabral





Todos os caminhos levam à nuvem

27 08 2010

Filmes, livros e músicas disponíveis na hora, no lugar e no aparelho em que você quiser

Hoje, basta um computador com acesso à internet para obter (em muitos casos, de maneira ilegal) praticamente qualquer filme, livro ou música que você quiser. Logo, estes produtos culturais estarão – e em muitos casos já estão – a apenas um clique de distância, sem a necessidade de baixar nada e disponível na hora, no lugar e no gadget com acesso a web que você preferir. E, o melhor, de forma legal e, não raro, gratuita.

Cortesia da nuvem. Mas afinal o que é a nuvem? O mundo da computação pré-internet foi construído sobre a lógica de que tudo devia estar instalado ou armazenado na máquina de cada pessoa. A nuvem rompe com esse conceito. Cada vez mais, tudo que queremos ou precisamos pode ser acessado diretamente pelo navegador de internet. A maior oferta e acesso à banda larga, inclusive móvel, é essencial para o sucesso dessa visão.

“A cultura já está online. Qualquer mídia pode ser digitalizada com vantagens econômicas para a indústria. O que estamos começando a ver agora, é a internet se tornando o principal suporte para termos acesso a cultura e entretenimento”, observa o estudioso norte-americano Nicholas Carr, autor de A Grande Mudança (Editora Landscape), em que defende que a computação em nuvem está mudando a sociedade de forma tão profunda quanto à energia elétrica nos últimos cem anos.

Antes, no entanto, é preciso entender a evolução que permitiu chegarmos aqui. O culto despertado pelo iPod consagrou, na música, o dispositivo pelo qual se acessa o conteúdo, tornando possível hoje, entre outros motivos, a ascensão da música na nuvem. Se desde a virada do século ninguém dava mais muita bola para o desgastado CD, todos queriam ter o seu tocador de MP3, de preferência o iPod. Por sua vez, o sucesso do aparelho, no seu conceito original, só foi possível porque antes a prática de copiar CDs e compartilhar música na rede, simbolizada pela explosão do Napster, havia se disseminado.

O público estava, portanto, sedento por um dispositivo bacana em que pudesse colocar as suas músicas e levá-las consigo para onde quiser. O iPod, por sua vez, tirou vantagem também, do surgimento mais de vinte anos antes do Walkman que levou a música para ser trilha sonora inseparável de milhões – hoje, bilhões – de pessoas em todo o mundo. Na verdade, o que se viu durante toda a história da música como produto – iniciada com o fonógrafo – pode ser resumida como uma busca por ser cada vez mais acessível e disseminada.

Voltando no tempo, depois do fonógrafo levar a música para além das apresentações ao vivo, o rádio espalhou-a por novos ambientes e momentos do dia a dia das pessoas. Além disso, foi ele que introduziu o acesso gratuito as canções. Enquanto, a música transcendeu a barreira do suporte há muito tempo, os livros apenas agora começam a se libertar do papel. Por sua vez, os filmes estão no meio do caminho entre uma coisa e outra. Eis a explicação do motivo da oferta de conteúdo musical por streaming, ou seja, na nuvem, ser tão mais variada.

Os efeitos dessa mudança já podem ser observados como de costume entre a fatia do público mais ávida por música. Tanto nos Estados Unidos, como no Reino Unidos, duas diferentes pesquisas chegaram a mesma conclusão. O consumo de música em sites de streaming aumenta, principalmente entre os mais jovens, ao mesmo tempo, que o uso regular de sites de compartilhamento de músicas cai.

Uma outra clara evidência de que a nuvem veio mesmo para ficar está nos estúdios de cinema. Apesar de viveram as turras com serviços de streaming de filmes, como o Netflix, todos os grandes estúdios de cinema trabalham em serviços baseados na nuvem. A Disney (da qual Steve Jobs, o lendário fundador e CEO da Apple, é o maior acionista individual), por exemplo, desenvolve o Keychest, tecnologia que permitira ao público pagar um preço único pelo acesso permanente a um filme em diferentes plataformas ou aparelhos com acesso a internet, como computador, vídeo game, celulares, etc. Na literatura, as coisas ainda engatinham em menor velocidade.

“Spotify, Hulu, Google Books, etc. são todos bons exemplos, mas nenhum deles é completo o suficiente. Alguém (adivinhe quem?) precisa se dedicar e juntar tudo isso sob um grande guarda-chuva, com uma única interface e um único lugar em que as pessoas possam administrar todo o seu conteúdo, sejam livros, filmes, músicas, etc. Atualmente  isto é tudo muito fragmentado e essas empresas estão trabalhando em produtos isolados”, afirmou ao Link Steve Jobs, dono da Apple. Quer dizer, o Fake Steve Jobs, personagem criado pelo jornalista norte-americano especializado em mídia e tecnologia Dan Lyons.

É, ele também parece saber muito bem o que diz. Não por acaso, durante um bom tempo houve quem achasse até no Vale do Silício que o Fake (falso, em inglês) era uma brincadeira do original. E o verdadeiro Jobs, o que será que está tramando? Uma pista foi dada no final de semana passado quando a Apple revelou a compra do serviço de streaming de música Lala. Não dúvide: todos os caminhos levam à nuvem.

MÍDIA FÍSICA
Sempre haverá mercado para a mídia física, nem que seja para colecionar. Prova disso é o revival do vinil nos últimos anos. Ainda há muita gente que prefere o suporte físico a uma cópia digital. E não será o streaming e a nuvem a pôr fim nisso. Ao menos, não por enquanto.

DOWNLOAD
Apesar da facilidade do streaming, nada leva a crer que o download acabará de uma hora pra outra. Até porque quase tudo que está na nuvem por ser baixado. E o download, de alguma forma, da às pessoas a sensação de “posse” sobre o produto.

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Matéria publicada no caderno Link do Estadão de 6 de dezembro de 2009 feita a quatro mãos por: @brunogalo e @rafael_cabral





Calma, o iPod só morreu como símbolo

27 08 2010

Como o MP3 player da Apple se tornou ícone da primeira década da era digital. E por que lentamente, a “era da nuvem” vai colocando um ponto final na “era do iPod”

Mais de 220 milhões de unidades vendidas. Cerca de 8,5 bilhões de músicas comercializadas na loja online iTunes Store. Tema de diversos livros, o mais famoso deles The Perfect Thing (a coisa perfeita, em inglês), do jornalista norte-americano Steven Levy. Para um aparelhinho que nasceu só para ajudar a vender mais iMacs, os computadores da Apple, e foi recebido com certa desconfiança pelo público e pela imprensa especializada, o iPod e seus indefectíveis fones de ouvido brancos foram – mesmo – bem longe. Nos oito anos seguintes ao lançamento, em 2001, o elegante e cobiçado tocador de MP3 se tornou um ícone cultural, sinônimo de música digital, objeto de desejo e, talvez, maior símbolo da primeira década de um mundo conectado.

Enfim, testemunhamos a “era iPod”, que, com a chegada de uma série de serviços que permitem o streaming ao invés do download, parece ter chegado ao fim. Para Alex Ross, crítico da revista The New Yorker e autor de O Resto é Ruído (Editora Cia. das Letras), em que faz um panorama da história da música no século 20, “um grande número de ouvintes mais jovens pensa do jeito como o iPod pensa. Eles já não veem mais o mundo de uma única maneira”, escreveu, se referindo às milhares de músicas que podem ser armazenadas no aparelho, bem como a função shuffle, que alterna de forma aleatória as músicas tocadas.

Para outros, o iPod não é nenhuma quebra de modelo; é, no fundo, apenas música para os nossos ouvidos. Ele nem foi o primeiro tocador de MP3 (ao contrário do walkman, da Sony, que, em 1979, foi pioneiro da música portátil e móvel). Ainda assim, se tornou um imenso fenômeno. Qual a explicação então para o MP3 player da Apple ter se tornado tão emblemático? “Usar a simplicidade como poder é nosso grande segredo”, arrisca Fábio Ribeiro, porta-voz da Apple no Brasil. “A especificação dos nossos produtos não revela o seu potencial”, conclui.

Simples, bonito e fácil de usar. Basicamente, o iPod empacota esses conceitos, além de trazer consigo a aura inovadora e o poder de atração presentes em todos os apetrechos da empresa de Steve Jobs (ao menos, desde o lançamento do próprio iPod). “Os aparelhos da Apple não são obras de arte, mas são obras de design com relevância museológica”, observa Marcelo Dantas, designer e criador de museus. Não por acaso, diversos gadgets da companhia fazem parte da coleção de design do Museu de Arte Moderna de Nova York. Além de tudo isso, antes do iPhone, cerca de 50% da receita da Apple chegou a vir da venda de iPods.

Passado o longo encantamento inicial, no entanto, o aparelho – e a própria Apple – precisava evoluir para continuar atual, e foi isso que aconteceu. Em 2003, Jobs deu sua derradeira cartada no mercado fonográfico – e na distribuição de conteúdo legal. Com uma base crescente de fiéis usuários, ele convenceu as gravadoras – atordoadas com o impacto do Napster e o início da pirataria digital – de que o melhor lugar para vender música digitalizada era a Apple. Inaugurada em abril daquele ano, a iTunes Store virou a maior vendedora de música do mundo em apenas cinco anos. Mas esse sucesso todo não resolveu o problema da pirataria. Pelo contrário, ampliou a questão.

Como observa Chris Anderson, editor da revista Wired, em Free (Editora Campus), “o iPod (…) só faz sentido se você não precisar pagar milhares de dólares pela sua biblioteca musical. O que, é claro, muitas pessoas não fazem”. Uma rápida conta – divida o número de músicas vendidas via iTunes pelo de iPods vendidos – comprova a tese. Portanto, como observou ao Link o mídia futurista alemão Gerd Leonhard, “a grande maioria das músicas nos iPods são ilegais”.

Para a Apple, isso não é um grande problema. A sua principal fonte de renda é a venda de hardware (neste caso de iPods) e não de músicas. Assim, nos anos que se seguiram, o gadget foi se transformando. Ainda que a conta-gotas, incorporou novas funções, mais espaço de memória e novas cores. Em 2007, veio a grande transformação. Com o lançamento do iPhone e, pouco depois, do iPod Touch, o aparelho abandona em definitivo sua primeira encarnação – a de um simples tocador de MP3 – para se tornar um marco da convergência. Um único dispositivo para ouvir música, ver filmes, acessar a internet, etc.

“A principal diferença é que no iPod eu colocava conteúdo baixado, enquanto no iPhone eu consigo baixar ou consumir conteúdo diretamente nele”, observa hoje o teórico Henry Jenkins, autor de Cultura da Convergência (editora Aleph). “Foi uma dramática revolução”, conclui.

Apenas no início de 2008, no entanto, com a criação da App Store, loja de aplicativos da Apple (que é modelo para todas as fabricantes e, até para o Google, com o Android) é que a transformação ganhou seus contornos atuais e cristalizou o seu alcance. Uma série de aplicativos para leitura de livros, por exemplo, se popularizam. Em 2009, inúmeros serviços de música baseados na nuvem, ou seja, em que não se precisa baixar nada, como Last.fm e Spotify, lançaram aplicativos para o iPhone e o iPod Touch.

Lentamente, a “era da nuvem” vai colocando um ponto final na “era do iPod”. A queda na venda dos iPods tradicionais é um sinal disso. Mas, atenta, a Apple já reinventou o seu antigo tocador de MP3. Hoje, em sua versão, mais avançada, o iPhone (sim, o smartphone da Apple é hoje o melhor iPod) e o iPod Touch (muito popular com games), ela está pronta para competir com seus incontáveis concorrentes – em suma, todo dispositivo portátil com acesso à internet. Na verdade, talvez até esteja em vantagem. Atualmente, os dois aparelhos são responsáveis pela metade do tráfego de dados por dispositivos móveis no mundo. Ainda assim, a Apple guarda uma carta na manga.

“Tenho certeza de que sempre haverá dispositivos dedicados, e eles podem ter algumas vantagens em fazer apenas uma coisa”, disse Steve Jobs ao The New York Times, em setembro, questionado sobre o Kindle, da Amazon. “Mas acho que aparelhos com múltiplas funções vão ganhar o dia”, concluiu, talvez prenunciando sua próxima cartada, o tão esperado tablet, que, entre outras, promete esquentar o mercado de distribuição de livros e filmes digitais. Um detalhe: ninguém confirma o aparelho, que já se convencionou ser chamado de iPad. Jobs sabe bem o que diz e a discreta morte e a reinvenção do conceito do iPod comprovam isso.

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Leia original aqui ou aqui.

Matéria publicada no caderno Link do Estadão de 6 de dezembro de 2009 feita a quatro mãos por: @brunogalo e @rafael_cabral





A ‘era iPod’ (2001-2009)

15 01 2010

Na medida em que serviços online permitem acessar conteúdos digitais sem que seja necessário fazer download, o aparelho que se tornou um dos ícones da primeira década do século ficou obsoleto

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