Como as crianças nascidas na era digital mudam tudo ao nosso redor
Comunicação
Falar e escrever no celular, usar comunicador instântaneo, ler sites e blogs: tudo isso vai contribuir para o desenvolvimento da inteligência comunicacional nas crianças. Apesar de alguns críticos dizerem que o uso de MSN pode afetar negativamente a capacidade dos pequenos de compreender expressões faciais, os educadores concordam que por causa da internet as crianças estão escrevendo e lendo mais. O caráter colaborativo da rede também incentiva a produção de conteúdo multimídia – teremos crianças escrevendo, gravando áudios e falando para a câmera cada vez mais cedo.
Cultura
O acesso a bens culturais, filmes, livros e músicas caminha para se tornar um serviço e não um produto específico. Para variar, é na música que este processo está mais avançado. Em 2008, 95% das músicas baixadas não tiveram direitos autorais pagos. Mas uma mudança na nossa relação com as canções está em curso neste momento. Em 2008, 52% dos jovens norte-americanos, entre 13 e 17 anos, preferiram ouvir músicas em sites de streaming gratuito, como MySpace, Pandora e Spotify, em que não se precisa baixar nada. Tudo é ouvido online.
Direito Autoral
Segundo uma pesquisa do canal Cartoon Network, duas em cada cinco crianças já trocaram arquivos pela web. Claro que isso muitas vezes esbarra na questão do copyright. Mas será que essa é uma noção que ainda será usada quando esses pequenos chegarem à vida adulta? Já nascidos digitais, eles são parte de uma geração acostumada à cultura do remix que foi popularizada com a internet e com sites como o pioneiro Napster. Para o pesquisador Urs Gasser, esse comportamento pode mudar não só as leis de direitos autorais, mas também redefinir o que é, afinal, ‘autoria’.
Política
Políticos estão percebendo a eficiência das ferramentas da web 2.0 para fazer campanha de um jeito diferente. Essas plataformas são dominadas pelos jovens, que por causa da troca rápida e multimídia de informações, têm capacidade maior de descobrir verdades e mentiras, se unir contra e a favor daquilo em que acreditam e apoiar candidatos e ideias com os quais se identificam. O primeiro exemplo desse novo engajamento aconteceu nas últimas eleições presidenciais norte-americanas: Barack Obama conseguiu levar às urnas milhões de jovens, num pleito em que o voto é facultativo.
Trabalho
No futuro as empresas serão menores, não existirá mais o conceito de carreira, os empregos vão acabar e o ócio criativo será total: trabalharemos só por prazer. Ao menos é isso que defende o professor Thomas Malone, especialista em trabalho do MIT. Pesquisas já mostram que os jovens estão batendo de frente com seus chefes por causa de diferenças culturais e de comunicação. E diante de funcionários acostumados a opinar livremente, não familiarizados com hierarquias e imposições, as estruturas empresariais serão forçadas a mudar drasticamente.
Cérebro
Pesquisas recentes em neurociência afirmam que a internet está mudando o cérebro das crianças. Apesar de o processo cognitivo que as leva a compreender melhor a linguagem digital ser plenamente entendido (é semelhante ao de aprender a língua mãe), ainda não se sabe exatamente como o uso da web vai mudar a massa cinzenta. De acordo com Gary Small, autor do livro iBrain, sobre as modificações que o cérebro está sofrendo com o uso da internet, fazer buscas no Google ativa uma área mais extensa do cérebro do que os pontos que são estimulados durante a leitura, por exemplo.
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Matéria de 12 de outubro de 2009 a seis mãos: @ana_freitas,@brunogalo e @rafael_cabral